(...) Por fim a Tartaruga Falsa recobrou a voz e, com lágrimas lhe correndo pelas faces, recomeçou:
“Talvez você nunca tenha vivido muito tempo no mar...” (“Nunca”, disse Alice), “... e talvez nunca tenha sido apresentada a uma lagosta...” (Alice ia começando a dizer “Provei uma vez...”, mas engoliu a língua mais que depressa e disse: “Não, nunca”) “... então não pode imaginar que coisa deliciosa é uma Quadrilha da Lagosta!*”
“Realmente não”, disse Alice. “Que espécie de dança é essa?”
“Ora”, disse o Grifo, “primeiro se forma uma fila ao longo da praia...”
“Duas filas!” exclamou a tartaruga Falsa. “Focas, tartarugas, salmões e assim por diante; depois, quando você tiver acabado de remover toda a água-viva...”
“O que geralmente leva tempo”, interrompeu o Grifo.
“... dá dois passos à frente...”
“Cada um de par com uma lagosta!” exclamou o Grifo.
“É claro”, disse a Tartaruga Falsa. “Dois passos à frente, balancê...”
“... troque de lagosta e se afaste na mesma ordem”, continuou o Grifo.
“Depois, sabe”, continuou a Tartaruga Falsa, “você joga...”
“As lagostas!” gritou o Grifo, dando uma pirueta no ar.
“... no mar, o mais longe que puder...”
“Nada atrás delas!” berrou o Grifo.
“Dá um salto mortal no mar!” exclamou a Tartaruga Falsa, cabriolando freneticamente.
“Troca de lagosta de novo!” esgoelou-se o Grifo.
“Volta à terra de novo, e a primeira figura está terminada”, disse a Tartaruga Falsa, baixando a voz de repente; as duas criaturas que tinham estado ali pulando como loucas aquele tempo todo, se sentaram de novo, tristonhas e cabisbaixas, e olharam para Alice.
“Deve ser uma dança muito bonita”, disse Alice timidamente.
* A Quadrilha, uma dança em 5 figuras, era uma das mais difíceis danças de salão em moda na época em que Carroll escreveu sua história.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
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