quarta-feira, 26 de maio de 2010

Cavalgada


Roberto Carlos
Composição: Roberto Carlos / Erasmo Carlos

Vou cavalgar por toda a noite
Por uma estrada colorida
Usar meus beijos como açoite
E a minha mão mais atrevida

Vou me agarrar aos seus cabelos
Pra não cair do seu galope
Vou atender aos meus apelos
Antes que o dia nos sufoque

Vou me perder de madrugada
Pra te encontrar no meu abraço
Depois de toda a cavalgada
Vou me deitar no seu cansaço

Sem me importar se neste instante
Sou dominado ou se domino
Vou me sentir como um gigante
Ou nada mais do que um menino

Estrelas mudam de lugar
Chegam mais perto só pra ver
E ainda brilham de manhã
Depois do nosso adormecer

E na grandeza deste instante
O amor cavalga sem saber
E na beleza desta hora
O sol espera pra nascer.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

convite para ver dançar



Sou aluna de dança da Eva Schul a alguns anos, o Lisandro também. Nem posso dimensionar com precisão aqui como ela é responsável por uma sabedoria do meu corpo, por um crescimento, por uma expansão, força e equilíbrio. Eu a admiro imensamente, e agradeço por ser tão sábia e generosa - acho que posso falar pelo Lisandro também. Ela está montando um novo-velho trabalho, revendo coreografias antigas, com seus bailarinos de antes e de agora. Eu infelizmente não poderei ver nessa temporada, pois vou estar em cartaz com "Bodas de Sangue" (flyer abaixo), mas quero convidar as pessoas a não perder "Dar carne à memória"!!! Eles estão trabalhando muuuito, eu sei, e será maravilhoso!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Teresas de Recife







Em Recife encontrei duas Teresas pela janela...
eu não anotei o nome da artista que fez os trabalhos em papel maché, que pena... são lindos!

terça-feira, 18 de maio de 2010

amigos e imagens...........

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presente de Douglas Dickel (o tubarão da cia.)

veja aqui a imagem


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quinta-feira, 13 de maio de 2010

comentário de Fábio Prikladnicki

Dentro da História




Considere duas produções, ambas inspiradas em Lewis Carroll, que por pouco não estiveram em cartaz simultaneamente em Porto Alegre: o filme Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton, atualmente nos cinemas, e o espetáculo Alice, da Cia Espaço em Branco, com direção e performance de Sissi Venturin, que cumpriu temporada na Galeria La Photo.

Longe de querer medir adaptações ou intenções, vale tomar essa coincidência como ponto de partida para analisar o que o cinema 3D representa para a experiência, digamos, estética (na falta de uma palavra melhor) se comparado com a experiência proporcionada por vertentes do teatro que exploram o espaço como forma de compartilhamento com o público.

Essas vertentes teatrais não são novas, mas o frenesi em torno dos filmes 3D sim, e por isso merece ponderação. Em resumo, pode ser uma pequena revolução técnica na história do cinema, mas ainda é uma mudança tímida do ponto de vista das questões compartilhadas com outras linguagens artísticas. Quer saber? O público que corre ávido, com pipoca na mão, para as salas de projeção em três dimensões não está nem aí. Quer apenas a sensação, jamais o risco. Apenas a certeza, jamais a possibilidade. Estão todos muito seguros em suas poltronas.

Que o filme de Tim Burton seja um “falso 3D” (o efeito foi acrescentado depois, e não durante a filmagem, ao contrário de Avatar) apenas soma dramaticidade ao exemplo. Verdadeiro ou falso, no fundo não importa. Quaisquer que sejam as expectativas que o espectador vista junto com os óculos na sala de cinema, ao final o que resta é brincadeira para impressionar criança. Exceto se você considera como experiência estética a dor de cabeça que aflige 15% das pessoas que assistem a um filme 3D.

Agora que tal estar em um salão em que Alice, de corpo presente, desce de uma corda como que chegando à Terra das Maravilhas? Ou sentar no chão para participar, junto com outros espectadores, do “chá de desaniversário”? Ou, ainda, ter a oportunidade de comer os marshmellows em forma de coração que caem do corpo dela?

Estou, claro, citando cenas da performance Alice, de Sissi Venturin. Podemos lembrar de outro espetáculo da Cia Espaço em Branco, Homem que Não Vive da Glória do Passado (que também esteve recentemente em cartaz), de João de Ricardo, em que o público é levado, na primeira parte, para cima do palco. Para mencionar outras formas de vivência teatral, podemos pensar no Ói Nóis Aqui Traveiz, que convida os espectadores a percorrer os cenários dos espetáculos junto com os “atuadores”. Ou o Falos & Stercus, para citar outro grupo de trajetória consolidada. Isso apenas para ficar em exemplos do Rio Grande do Sul. Embora haja (felizmente) diferenças entre estas propostas teatrais, todas elas têm em comum o fato de colocar o público efetivamente dentro do espetáculo.

Mas aí se criou o mito da “interação com o público”. Não há nada que amedronte mais o público médio (na falta de uma expressão mais adequada, novamente) do que a possibilidade do encontro real entre artista e espectador.

Um medo que, na maior parte das vezes, apenas mascara um pré-conceito. Grande parte das produções que fazem o público compartilhar o mesmo espaço cênico dos artistas não o expõe ao ridículo. Sem falar que a definição sobre o que é chocante ou não também entra em questão. De qualquer forma, a maioria das companhias entende que vale mais a pena estender a mão ao público, às vezes literalmente, do que intimidá-lo. O que conta é a possibilidade de compartilhar, aqui e agora. Não é uma promessa, é uma oportunidade.

Então: que tipos de novidades estamos dispostos a experimentar? Por que negar o prazer do risco? Não está na hora de rever pesos e medidas?


o comentário foi publicado no blog "Quarta Parede" em 10 de maio de 2010.
veja aqui

segunda-feira, 10 de maio de 2010

convite para fora do aquário em branco


Quero publicar aqui no blog do Teresa o cartaz de um novo trabalho que estou fazendo, mas fora da Cia. Espaço em Branco.
"Bodas de Sangue", de Federico García Lorca, é dirigido por Luciano Alabarse e Luiz Paulo Vasconcellos, estréia no Theatro São Pedro em Porto Alegre, dia 27 de maio.
A história do Bodas encontra semelhança no universo de Teresa... pinga sangue nesse aquário também.



quinta-feira, 6 de maio de 2010

(...) Uma mulher histérica é capaz de acreditar em qualquer coisa a respeito de si mesma - que dormiu com Napoleão, que ofereceu seus lábios a Deus. Pode dizer que satisfez seu apetite sexual com bodes ou pôneis das ilhas Shetland. Pode confessar que fez amor com seis homens ao mesmo tempo e com cada um deles no auge de sua forma. Pode sacudir-se tanto com a música que até a memória de suas paixões se desintegra, desaba como um prédio em chamas. Tudo que não é de pedra arde. Os órgãos permanecem intactos, mármore mudo lambido com erotismo, êxtase projetado como numa tela branca. Tranquem todas as portas e ponham fogo na casa, onde a estátua está de pé, masturbando mentiras. Pois nesse lugar haverá ainda música, o arrepio da pedra em chamas e fogo jorrando gelo. Apunhalem a mulher várias vezes. Mergulhem o olhar cada vez mais fundo no sonho, nada senão a repetição da morte, olhos vidrados de êxtase, cada clic do obturtador uma mentira, uma fornicação. Quando a mulher de órgãos de mármore tenta deitar-se com Deus, a divindade atinge a menopausa. O que era drama antigo, nobre música de mito e lenda, termina em profilaxia. Aqueles que um dia se sentiram como personagens vêem seus papéis se desfazerem em pó e em serragem. Outrora o mundo foi jovem e as feridas eram ostentadas com orgulho, pois Deus havia posto o dedo nas feridas e elas não deveriam cicatrizar - deviam ser suportadas com bravura e sofrimento. Agora, porém, nós somos como chalupas avariadas na tempestade - e é possível enfiar um guarda-chuva pelas nossas feridas abertas -, mas não há sofrimento nem bravura. Nós e nosso personagens - porque nós somos os nossos personagens - afundamos como navios abandonados, chalupas por demais avariadas, incapazes de resistir à primeira tempestade.

Henry Miller



(Kevin Francis Gray)