sexta-feira, 26 de junho de 2009

CarTaZ OX JuLho



A bilheteria e o Bar abrem 1 hora antes da peça.
R$ 15,00 valendo uma cerveja.

sábado, 20 de junho de 2009

"Em Trânsito", 4o espetáculo da Cia. Espaço em BRANCO estréia em 09 de julho




O novo espetáculo da Cia. Espaço em BRANCO é uma produção independente e autoral.
A primeira parte deste texto faz parte da peça "Teresa e o Aquário". No novo espetáculo o público verá o mesmo fragmento em outra leitura, e sua continuação em outros dois atos.


Em Trânsito

Um homem está preso no trânsito, sozinho. Fala consigo mesmo, seu celular toca e ele não quer atender. Ele sabe quem está do outro lado da linha e pretende ignorá-lo. Mas, em meio a esses fluxos de trânsito barulhento, luzescruzantesbrancasvermelhasamarelas, ele atende e é levado a um lugar surpreendente.


Direção: Sissi Venturin
Atuação: Lisandro Bellotto
Dramaturgia e videos: João de Ricardo
Iluminação: Mariana Terra

Sala Qorpo Santo
(Campus Central da UFRGS)
09 e 10 de julho - quinta e sexta - às 12h30 e 20h
11 e 12 de julho - sábado e domingo - às 20h

ENTRADA FRANCA

(foto de Eduardo Essarts - o Dudu)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Marina diz:

Da impossibilidade:
Fechar a Noz na Casca depois de espatifá-la.

(Entre aqui no Flickr de Marina Mendo)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Das antigas correspondências... carta da sereia naufragada à Zeus do pólen

Don Juan, sou apenas mais uma flor no teu jardim. Há um passarinho pousado em mim. Ainda assim enraizada nesta terra seca, sem água, sem lágrimas, sem nada. Em meio a outras cores e perfumes do teu harém de flores. Mas as tuas dores não vêem assim. Enterrado até a cintura nesta terra escura nem caminha, nem minha, nem tua, nem vem, nem vinha. Nunca quis. Serei cortada, serei salva pelos olhos d´água, pelo pássaro com bico, com afeto, sem medo, sem teto. Voarei ensolarada, roubada deste jardim em que me plantei sem alimento, sem cuidado, sem acalento. Me deixo, me largo. Tu não me quer, não cuida. Estarei à salvo quando chegar a chuva! A chave do jardim do amor amado.


(imagem de Carla Gannis)

P.S.:
Você precisa se dedicar ao amor!
Ele é flor sedenta, terra seca.
Veja as flores, veja as flores.
Escolha o cheiro e a cor,
E voe, voe passarinho!

Amigos e Imagens IV

Presente de Dudu...


Zena Holloway

Das antigas correspondências... carta da sereia ressecada

À Tormenta,
(reza da liberação)

desespero!
descaso

descalça pela casa espero descer na terra
alcançar meu corpo
chegar de volta na vida

atingir!
atormentada preciso acalmar
atirar a pedra do meio do caminho
elevar o passo
não olhar o atraso.
atrás, traiçoeiro
traidor.

sinto o golpe na nuca
os olhos postiços foram quebrados
há apenas uma direção.
e não será você que vai matar minha fome
faça favor de fugir,
fez flagelo demais
frases vazias
vampiro.

eu vagalume liberto-me
das trevas para a noite verdadeira
para o dia todo.
Abençoe-me, anjo de luz.
Proteja-me do pavor
leve daqui o monstro e a prisão
de sua boca, a gaiola de dentes mudos, travados.

a mentira

Serei sábia,
o próprio pássaro incendiado.
sequei todo o mar
e vou encher a enorme cratera
de lágrimas purificadoras
e mergulhar no entendimento

batisada por mim
uma nova mulher sem escamas,
mas penas na cauda
voarei

você não me pega!
esconda-se na toca, venenoso,
ela é teu próprio túmulo
e as únicas flores que jogarei
em teu leito será a bosta do pássaro
cheia de sementes.
com sorte tua carne ainda fará brotar a vida

Ainda que eu acredite que de ti, apenas
o caus, o carma.

Te odeio!
Fere-me a tua lembrança!
Pratico o homicídio da emoção.
Você não se comove, sequer entende
É pequeno verme.
Veja: vencerei!

...

os líquidos da mulher se misturam com o cheiro de cigarro dos dedos dele na calcinha.
charuto adocicado
cigarrilha
espartilho



(pintura de Jeff Bark)

domingo, 14 de junho de 2009

Anestésica histeria

Quando as bocas se encontraram havia o calor extremo do amor de um, unido ao desespero culpado do outro. Ela ouviu o palpitar do coração acelerado. Ele desta vez nem a segurou na cintura, nem a tocou a não ser com a boca fervendo e os lábios rijos.
Ela sentiu deslizar pela sua língua pela garganta a pequena pílula, semente de amar, pensou. O palpitar do coração do homem agora estava dentro dela, descendo pelo pescoço. Ele nem a olhou nos olhos quando começou a andar de costas, baixando a cabeça devagar. Ela restou ali, sem entender o som e a distância. Quanto mais ele se deslocava para longe, mais o objeto caminhava por dentro dela, uma dor a envolvia, era como se seu coração perfurasse. Ela entendeu todo seu amor nesta sensação doída quanto mais longe ele ia.
A cápsula estava programada para ir em direção à vibração cardíaca. E assim foi, o mecanismo funcionou como flechada fatal, cupido ao avesso. Ela entendeu o medo e abriu os lábios devagar com a mandíbula pasma e transferiu seu olhar para dentro, ouvindo bem o som que acelerava como antes de um disparo.
Ele fechou os olhos e trouxe as mãos à cabeça, mas não deixando arrepender-se de seu ato de homicídio ao amor maior que ele, aquele a quem ele não podia mais enfrentar, a quem teve de matar. Ela não teve tempo de chorar ou de correr, não havia para onde ir. Quando o som foi único e agudo, ela fechou as mãos para segurar o susto preemente... e...
O estrondo hediondo urrou furioso
A bomba explodiu o coração e todo o corpo do amor. Ele foi jogado para trás com a força do ar explodido. Caiu de boca na poeira de seu mundo medíocre e fraco. Como um fraco bandido restou deitado. Olhando do chão seu mundo esvaziado, do nível certo que se sabia merecedor, o piso sujo, onde deveria ser pisoteado, enterrado. Mas agora não havia mais ninguém preocupado. Ele estava, enfim, só. Acompanhado e refém apenas de seu próprio medo.

A mandíbula pensa

Ele vai destravar o medo e liberar a fala. Ele está com a grande quantia do dinheiro trabalhado e vai até o consultório. As escadas frias, as paredes estreitas, a porta de vidro. Os homens brancos de luvas e touca estão sabendo que procedimento tomar, a anestesia o acalmará momentâneo. Feltro para proteger do sangue que irá escorrer. O lacrimejar. Há força, força para extrair, para chegar no ponto certo, no osso no caso. Ele nem imagina, ele não vê alternativa melhor para aliviar a dor. Ele precisa livrar a trava, a fala, os pensamentos do bloqueio infantil, o trauma de mamar será mordido. As mãos suadas apertam o ar seguram o pavor num desejo de que o tempo volte, passe, retire dele si mesmo, seus membros, seus ossos, o medo de falar será deglutido.
Agora ele vai poder dizer, xingar, se manifestar. No trânsito, em qualquer lugar. Todos vão entender. Não estará sozinho na cidade, inteiro sabiá. Sílaba por sí la ba a língua verá como a íris de um olho da verdade, a boca se abre e toda a vida se revelará. Ele está salvo. Ainda inchado, desce as escadas com o algodão enxarcado de sangue a saliva na boca. Na rua olha o sol entre as nuvens em feixes, e como um raio de luz querendo passagem, abre a boca admirado: ele agora sorrirá!


Amigos e Imagens III

Presente de Jão...



Presente de Brumno...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Homem que Não vive: Ação UM


Novo espetáculo da Cia. Espaço em BRANCO ja está no forninho !

domingo, 7 de junho de 2009

Mar grita




René Magritte


Para quem? Para mim!
para quem para quem para quem?
para mim para mim!
para quedas? para sim!
para valentine, para Valentin,
John Coltrane, Chet Baker e jazzmim.
Caymi e Tom Jobim.
Para saber-se assim, colibri,
Afrodite, Sissi, Circe e Serafim.
Será sempre sem fim.
Sempre sem fim
filmo, fisgo falso. Cupido de festim.

(03 de junho, Odeon, boa música, e afetos bêbados para quem quer e busca)

::pinturas de René Magritte::