quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Henry

" Relembro de relance as mulheres que conheci. É como uma cadeia que eu tivesse forjado com minha própria miséria. Cada elo está preso ao outro. Um medo de viver separado, de permanecer nascido. A porta do útero sempre destrancada. Medo e anseio. No fundo do sangue o puxão do Paraíso. O além. Sempre o além. Tudo precisa ter começado com o umbigo. Cortam o cordão umbilical, dão-lhe um tapa na bunda e – pronto – vocês está aqui fora do mundo, desgovernado, um navio sem leme. Olha para as estrelas, e depois para o umbigo. Olhos crescem em você por toda a parte – nas axilas, entre os lábios, nas raízes dos cabelos, nas solas dos pés. O que é distante torna-se próximo, o que é próximo torna-se distante. Para dentro e para fora, um fluxo constante, um soltar de peles, um virar de dentro para fora. Você vagueia assim anos e anos, até encontrar-se no centro morto e lá vagarosamente apodrece, vagarosamente se reduz a pedaços, dispersa-se de novo. Só o seu nome permanece. "

Henry Miller

{Trópico de Câncer}

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Criando Teresa.

28 de Julho de 2008 -20 de agosto de 2010 - Criando Teresa e o Aquário from joaodericardo on Vimeo.

www.joaodericardo.blogspot.com

A performance arte remodela as ações de criação num processo teatral. Pensando por analogia, se o processo fosse entendido como um corpo a performance cria um território de CsO corpo sem órgãos, re-dimensionando as possibilidades e relações no processo poético. Este video mostra um "ensaio" do espetáculo Teresa e o Aquário que dirigi em 2008 com a Cia. Espaço em BRANCO. Sou eu e a Sissi Venturin. Performando. Preparando nossa Teresa.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

AGENDA

Cia. Espaço em BRANCO


AGENDA 2º SEMESTRE 2010


Anatomia da Boneca
Caxias do Sul/RS
ESTRÉIA: 1 de setembro (qua) às 20h
Caxias em Cena
Teatro do Sesc

ALICE
Porto Alegre/RS
2, 3, 4 de setembro (qui, sex e sáb) às 20h
13 de setembro (seg) às 19h30.
Galeria La Photo
(Travessa da Paz, 44, Bairro Bom Fim. 51-32216730)

Caxias do Sul/RS
18 de setembro (sáb) às 20h
Caxias em Cena

São Paulo/SP
6, 13, 20, 27 de outubro (qua) às 21h
Teat(r)o Oficina
(Rua Jaceguay, 520, Bixiga. 11-31062818)


Em Trânsito
Porto Alegre/RS
8, 15, 22, 29 de setembro (qua) às 12h30 e 19h30
ENTRADA FRANCA
Sala Alziro Azevedo
(Av. Salgado Filho, 340. 51-33084372/74)


Homem que não vive da glória do passado
Porto Alegre/RS
23 de setembro (qui) às 22h
Porto Alegre em Cena
Teatro de Câmara Túlio Piva
(Rua da República, 575. 51- 32898093/94)




OS ESPETÁCULOS

Anatomia da Boneca

O espetáculo/performance multimídia Anatomia da Boneca é um processo investigativo em torno do universo feminino e da performance-arte como território de amplificação das fronteiras do teatro e dos artistas do corpo. O projeto utiliza o hibridismo de linguagens para a criação e execução do trabalho: intervenções performáticas em lugares inusitados, fotografia como performance e vídeos editados em tempo real na cena. Anatomia da Boneca é a construção do feminino via o inorgânico, ou seja, do ponto de vista da boneca. Nossa surpresa ao começar o processo de dissecação do corpo feminino foi não encontrarmos vísceras e sangue, mas outras mulheres, imagens e comportamentos. Aqui o feminino não é ser geneticamente mulher, com o sexo, mas é uma construção de comportamento, definida pelo cenário de cada cultura social e estética. O feminino se dá por ação, ou seja, uma construção, em última análise, performática. Anatomia da Boneca é a viagem através destes comportamentos-fantasmas que achamos em nossa cirurgia sensível, uma devolução pública da matéria pública que nos forma. Judith Butler, no livro Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity, estabelece interlocuções com diferentes autoras, entre as quais destaca-se Simone de Beauvoir. No debate com a escritora, Butler indica os limites dessas análises de gênero que, segundo ela, pressupõem e definem por antecipação as possibilidades das configurações imagináveis e realizáveis de gênero na cultura. Partindo da emblemática afirmação "A gente não nasce mulher, torna-se mulher", Butler aponta para o fato de que "não há nada em sua explicação [de Beauvoir] que garanta que o 'ser' que se torna mulher seja necessariamente fêmea".


Criação: Andressa Cantergiani e João de Ricardo
Performance e dramaturgia: Andressa Cantergiani
Direção, vídeo ao vivo e dramaturgia: João de Ricardo
Criação de videos: Fernanda Ferretti, Lívia Massei, Andressa Cantergiani e João de Ricardo
Criação de luz: Carina Sehn
Figurino: Andressa dos Anjos
Próteses corporais: Cisco Vasquez
Preparação e Orientação de Movimento: Evandro Pedroni
Espaço e adereços: Andressa Cantergiani e João de Ricardo
Trilha Sonora: Barracuda Project
Produção: Sheila Zago
Fotos: Carlo Vidor e Geraldine Moojen
Assessoria de comunicação: sujeito_coletivo


ALICE

Espetáculo livremente inspirado nos livros de Lewis Carroll. Convidados de um banquete de Desaniversário, a Hora do Chá, o público é parte do jogo de cartas, do jogo da peça. Aborda o universo nonsense da obras originais através da performance art, propondo o diálogo entre tecnologias, a autonomia do performer, e a liquefação das barreiras entre arte e vida, bem como entre palco e platéia. ALICE é um convite a vivenciar o País das Coincidências, o encontro entre obra e público quer celebrar-se, depende de todos construir a jornada.

Direção e Atuação: Sissi Betina Venturin
Orientação: Tatiana Cardoso
Iluminação: João de Ricardo
Operação de video e áudio: Leonardo Remor
Direção e Arte dos vídeos: Sissi Betina Venturin e Leonardo Remor
Fotografia e Montagem dos vídeos: Tiago Coelho
Finalização de vídeo e áudio: Marcos Lopes
Ilustração e Design Gráfico: Talita Hoffmann
Colaboração criativa, afetiva e intuitiva:
Marina Mendo, Leonardo Machado e João de Ricardo
Apoio: Grupo Falus & Stercus


Em Trânsito

Peça escrita durante o processo de construção de Teresa e o Aquário pelo diretor João de Ricardo, com inspiração nos trabalhos de improvisação e relatos do ator Lisandro Bellotto. O Homem de Em Trânsito é solteiro, sem filhos, cultiva relações superficiais e passageiras com parceiros diversos sem nomes, muitas vezes sem rostos; sente-se perdido e está altamente violentado pela sociedade que o cerca. Há amargura em seu cotidiano, suas memórias de infância se tornam uma fuga prazerosa. Ele está dentro de seu carro, preso num congestionamento, lá fora cai uma chuva torrencial, é inverno. Seu celular toca insistentemente, o Homem sem atender a ligação, enfurecido, devaneia sobre sua vida, seus desejos e sua infância.

Direção e Produção: Sissi Betina Venturin
Atuação: Lisandro Bellotto
Dramaturgia e videos: João de Ricardo
Iluminação: Mariana Terra
Sonoplastia e Figurino: Sissi Betina Venturin
Foto: Bruno Gularte Barreto



Homem que não vive da glória do passado

Performance coletiva que questiona a solidão e o bizarro desejo de sucesso que acompanham o homem contemporâneo. Irônica e surreal história de um cara comum, mais um desses ilhados no fundo de seus apartamentos, só tendo contato com a vida através das telas de computador e da televisão. Um João que se vê desafiado por uma situação limite: certo dia, sem nenhuma explicação, todas as mulheres do mundo morrem. João terá que tomar decisões drásticas para continuar vivo. Decisões que o colocarão frente a frente com os limites da sua "civilização", mas poderão torná-lo um homem de sucesso.

www.homemquenao.blogspot.com

Direção e Dramaturgia: Bruno Gularte Barreto e João de Ricardo
Performer: João de Ricardo
Iluminação: Carina Sehn
Sonoplastia: Douglas Dickel
Vídeos: Bruno Gularte Barreto e João de Ricardo
Câmera, Assistência geral e de multimídia: Pedro Karam
Assistência e finalização de multimídia: Caroline Barrueco
Produção e Assistência de Direção: Sissi Betina Venturin
Foto: Bruno Gularte Barreto