sábado, 7 de novembro de 2009

dos homens, o alimento dos deuses

Ontem à noite li a peça “A Fome” no Quinquilharia.
Foi uma noite linda, intensa e suada.
Depois de exato um ano que o texto estava “guardado” desde seu último tratamento, foi levado a público, e que público!
Me sinto muito comovida por diversos motivos. Primeiro deles porque este texto é uma criação em conjunto, onde eu propus ao Marcos uma idéia e ele pescou o peixe e me emprestou o anzol e eu pesquei outro e ele outro e eu mais outro e a gente foi enchendo a pança. Foi um processo muito generoso e dedicado, e as pessoas gostaram tanto do que conheceram ontem, que o mar se encheu novamente.
Segundo, justamente pelas pessoas, os amigos e seus olhos brilhosos e suas palavras de afeto e seus silêncios e abraços verdadeiros e seus ouvidos atentos. Que lindo! Alguns deles não estavam lá, uns estarão numa próxima, outros estavam em espírito e memória, muita memória.
Terceiro, mas não menos importante, pelo trio Quinquilharia, os anfitriões, os guardiões da casa dos segredos que ali foram compartilhados. Carina, Bárbara e Poof, vocês são um grande abraço, vocês me ofereceram a casa e abrigo. Quebrando com as expectativas, “o mesmo lugar ficou diferente” e estivemos usando a própria casa de Carina, no andar de cima do bar. Hoje quando acordei me dei conta do que aconteceu ontem. Por ser em outro espaço não foi cobrado ingresso, e Carina se dedicou durante toda a noite a abrir garrafas de champanhe em estalos sonoros felizes no ar como foguetes de festa, e serviu um ponche refrescante e delicioso a todos, enquanto lá fora a chuva caía. Ao final, o Poof passou o chapéu, e fui paga com o valor integral recolhido pela leitura. Na hora acho que não agradeci da forma como agora percebo que deveria. É realmente comovente quando se encontra essas pessoas de coração aberto, em tempos em que arte, encontros, até afeto e amor são mediados por ingressos e tarifas, poder ter tido a oportunidade de trazer os amigos a um espaço que abriu suas portas para mim e mais ainda para todos, oferecendo por conta da casa aquele ponche colorido e boa música. Obrigada de coração quente e esperançoso. A noite do dia 06 de novembro já é inesquecível. Foi a primeira mostra de um trabalho que ainda vai longe e adiante, porque pelo encontro de ontem, pelas respostas, pela loucura que se fez entre nós que lá estávamos, só sei que será preciso seguir com fome sendo alimentada para ser forte e grande.
Por último, e mais importante, obrigada, Marcos. Obrigada pelas palavras, por tudo. De coração com o teu.


Abaixo uma imagem da noite...
Quadro de Jos Roosevelt

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