quarta-feira, 23 de julho de 2008

Pra não dizer que não falei de Orlandos

Para todos os que pensam que Orlando é nome apenas do marido da Glória Pires, aí vai uma revelação chocante: este é também o título de um dos marcos da literatura ocidental: Orlando Furioso, do poeta italiano Ludovico Ariosto.

"Escrito ao longo de mais de trinta anos (!!!) e publicado na sua versão final em 1532 (com 46 cantos e cerca de 40.000 versos rimados), Orlando Furioso é um dos maiores monumentos da literatura européia e mundial, apenas comparável em termos de relevância cultural a outras obras-primas da literatura como A Divina Comédia (Dante Alighieri), Jerusalém Libertada (Torquato Tasso), ou ao Lusíadas (Camões), do qual, aliás, foi influência maior.

Misto de romance de cavalaria que engloba o imaginário popular e mitológico, numa fina ironia, Orlando Furioso é um longo poema épico que, tal como a Odisséia ou a Ilíada, pode facilmente ser lido como um grande romance de aventuras. Foi, aliás, leitura de entretenimento ao longo dos séculos em todas as cortes europeias, influenciando gerações de escritores como o inglês Spencer ou o espanhol Cervantes, estando ainda presente em obras tão distantes no tempo e diferentes no estilo como as de Camões e de Cyrano de Bergerac.
O tema principal do livro é de como o valoroso cavaleiro Orlando, de paladino de Carlos Magno e enamorado da bela Angélica, por ciúme, se torna em louco furioso, e de como sem o seu mais importante cavaleiro o exército cristão fica em dificuldades na guerra santa que trava; isto até o cavaleiro Astolfo encontrar na Lua o recipiente que contém o juízo de Orlando restituindo-o ao seu legítimo proprietário, mesmo a tempo deste ajudar os cristãos na luta que travam contra mouros nos muros de Paris. Pelo meio desfilam cavaleiros, cavalos alados, princesas, feiticeiros, e são descritas um sem número de batalhas, duelos, fugas, perseguições e cenas de amor; tudo isto num ritmo alucinante que a rima dos versos de Ariosto torna numa quase prosa musical."

Pois é. Quer saber mais? Agora na Wikipedia.

"Orlando Furioso ("Orlando louco" ou "A Loucura de Orlando") é um poema épico escrito por Ludovico Ariosto em 1516. Ele é uma "gionta", uma continuação do Orlando Innamorato (Orlando enamorado) de Matteo Maria Boiardo, mas distancia-se completamente da outra obra no tocante ao fato de não preservar os conceitos humanísticos da cavalaria errante. Adentrando o Cinquecento, o século XVI, ele trata estes temas apenas superficialmente. Uma obra de seu tempo, Orlando mostra mais claramente a assim chamada "cultura da contradição" a qual também caracterizou alguns trabalhos contemporâneos de Erasmus e Rabelais.

Cerca de três séculos mais tarde, Hegel considerou que as muitas alegorias e metáforas não serviam meramente para refutar o mito da cavalaria, mas também para demonstrar a falácia dos sentidos e julgamento humanos.

O livro começa com um relato da derrota do Duque Namo na guerra de Charlemagne. Angelica escapa e encontra Rinaldo procurando seu cavalo, Bayardo. Angelica foge de Rinaldo, e encontra o sarraceno Ferrau. Rinaldo e Ferrau lutam, depois fazem uma trégua e compartilham um cavalo para procurar Angelica. Ferrau busca seu elmo e encontra o fantasma de Angelica. Angelica foge e adormece numa gruta onde é despertada por um cavaleiro que se lamenta, Sacripante. Angelica manipula Sacripante e ele planeja violentá-la. Angelica engravida de Sacripante e finalmente encontra Bayardo"

Além desses Orlandos citados acima (o do Ariosto e o do Boiardo), existe, é claro, um que é referência contemporânea inquestionável: Orlando, de Virginia Woolf. A vida de um homem (depois mulher) vagando pela humanidade por mais de trezentos anos. Para aqueles que alegarão que as referências anteriores são antiquadas, duvido se manifestar contra este aqui!


















Bom, espero ter demonstrado neste post que essa coisa de nomes às vezes pode soar como mau gosto simplesmente (o que é um assunto apenas do autor com sua obra, diga-se de passagem), e lembrar que tem uma regrinha muito antiga e perversa que nos ensina que na maioria dos casos o nome de um personagem traz em si alguma significação que vai além da própria sonoridade. Ou vai me dizer que vocês também pensavam que Marte era apenas nome de planeta? Tá, o caso do Orlando da Glória Pires é uma exceção à essa regra. Ah, e espero também não ter de explicar a mais ninguém que o roteiro de Teresa e o Aquário foi escrito numa tarde de Domingo - entre visitas em casa e chamadas no celular - baseando-me nas reuniões e idéias anteriomente propostas por dois dos integrantes da equipe. Sendo que um havia sido afastado há poucos dias e o outro é o principal proponente do projeto. Gente, o Ariosto trabalhou 30 anos pra deixar Orlando Furioso pronto! Vocês acreditaram mesmo que sairia algo genial em uma tarde???!!!

Com o mesmo humor mordaz dos comentários que eu ouço: Muáh! pra vocês!

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