domingo, 6 de julho de 2008

Orlan : FURIOSA - arte carnal



Os textos – de Antonin Artaud, Michel Serres, Julia Kristeva etc- lidos pela Orlan enquanto os cirurgiões e auxiliares, todos com seus figurinos exclusivíssimos, cortam, esticam e moldam o corpo da mulher. E com a devida repercussão nos meios de comunicação – transmissão ao vivo, participação por telefone dos espectadores, fotos etc.



vamos no site dessa maravilhosa artista. a idnependência e a responsabilidade das ações artíticas de orlan borram os limites entre arte e vida. e trasformam o artista em um "santo" da pós modernidade, totalmente entregue ao seu projeto. desintegração e reconstrução do corpo. quem eu sou?

http://www.orlan.net

Para Orlan, musa francesa das artes corporais, o narcisismo é uma distanciação do corpo que torna possível a criação, pois para tratar o corpo como objeto de arte é preciso se separar dele, para depois poder reinvestí-lo de forma artística. Neste vai-e-vem epistemológico, todas as tentativas de se aproximar de uma verdadeira ego-arte se tornam auto-retratos que colocam em evidência os problemas da visibilidade, da alteridade e da identidade. Na realidade, a parte a mais visível e ao mesmo tempo mais profunda do ego-corporal de uma pessoa é a sua pele, e como diz Eugenie Lemoine: Nunca tenho a pele do que eu sou, pois nunca sou o que tenho.” Dentro dessa implacável realidade, a ego-arte toma posição contra as normas corporais e propõe uma forma de assumir o seu ego através da sua exteriorização em obra de arte. A Arte Carnal de Orlan luta contra o DNA, o inato e as normas de beleza, e a Ego-arte luta em favor do Egotismo, da auto-referência e da auto-transformação através das artes.

Nessa transformação do vivo em visual, o corpo se torna um verdadeiro alter-ego artístico com o qual podemos dialogar, conscientes de que a arte se constrói nos interstícios da referência e da sua hibridação. No final, da arte carnal de Orlan `a arte corporal, passando pela Ego-arte, as estratégias artísticas se cruzam na busca de uma linguagem inédita, não codificada, que seja capaz de falar do nosso corpo, hoje e agora, espelhado de forma a tocar os outros corpos e prepará-los para o futuro do corpo: o pós-humano.

“O homem não é um esqueleto acabado, mas um interminável complexo de gestos. O esqueleto é apenas o cabide do homem, um porta-gestos. O gesto é o homem.”

Marcel Jousse.

O corpo para Orlan

“This is my body, This is my software.”
Orlan

Bragança de Miranda classifica o corpo como um feixe de ligações prejudiciais à nossa vontade. Já para Deleuze e Guattari o corpo é uma unidade uniforme. Orlan afirma que o seu corpo é o seu software, esta é a sua frase de apresentação, como se se tratasse de um cartão de visitas. O corpo é uma espécie de bolsa onde está a matéria que permite a Orlan trabalhar sobre ele tornando-o uma metamorfose. “Este corpo é obsoleto”, diz, “não está preparado para a velocidade exigida hoje em dia e cada vez mais exigida”.

Quando da sua pesquisa e preparação para a Reincarnação de St. Orlan, consultou um psicanalista que ao saber o que iria fazer lhe disse que iria cometer um suicídio, proibindo-a de prosseguir o trabalho, afirmando que este tipo de mudanças no corpo através de operações plásticas deve apenas ser utilizado em situações de ausência do orgânico ou então em caso de acidente e não para práticas de metamorfose artística. Ao reformular estas noções e ao explorar as novas possibilidades de actividade artística faz dessas performances um “ready-made”; assim como Duchamp readaptou objectos quotidianos e John Cage fez do silêncio música, Orlan faz de operações plásticas a sua obra.

Para alguns críticos o seu corpo é a sua obra de arte final mas para a artista não é o resultado final que importa, e sim esse ritual de passagem que faz em cada performance. Da discussão de valores que são abalados e que surgem em torno das questões por ela colocadas, acrescenta ainda que na sua vida a relação com os outros não depende do seu corpo mas do contexto e das histórias produzidas pelo seu corpo.

Esta foi a primeira e única artista a utilizar as operações plásticas como performance10, designando o seu trabalho como «Carnal Art»11, um auto-retrato feito com o uso de tecnologias avançadas que lhe dão a possibilidade de ter o corpo “aberto” sem sofrimento e ver o seu interior. As suas ideias e conceitos artísticos encarnaram na carne o valor do corpo na sociedade ocidental e o seu futuro nas gerações vindouras face ao avanço tecnológico e às manipulações genéticas. O confronto entre esta fragilidade do corpo e o avanço tecnológico é a base de todo este trabalho, isto é, saber como eles se podem relacionar ou se o tecnológico acabará por prevalecer sobre o biológico.

Na continuação deste trabalho, pensa em operar o seu nariz, aumentando-o tanto quanto possível anatomicamente. O seu trabalho não desrespeita o seu corpo, pelo contrário denúncia a sua fragilidade e a decadência que mais tarde ou mais cedo todos acabamos por notar.

linkado de
AQUI UM PEQUENO ARTIGO SOBRRE ELA, É LEGAL LER NA ÍNTEGRA SEGUINDO O LINK.
outro link interessante sobre orlan

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