quinta-feira, 10 de julho de 2008

O performer usa materiais como fita crepe e plástico bolha. Se fecha por completo em um casulo. Um momento de reclusão, de potência concentrada e renovada, de redirecionamento do olhar.Depois, liberta-se dele por vontade própria,como uma espécie de anti-desejo de reclusão...
Metáfora da transformação que passa o artista no momento de criação, ou metáfora do próprio sujeito que ao mudar de casa, de universidade e de cidade, passa por transformações radicais, ou o corpo morto que de sete em sete anos deixamos para trás quando trocamos todas células do nosso corpo ou metáfora de qualquer transformação que seja significante para o ser, ou ainda outras possibilidades de leitura.Múltiplos olhares. A ação performática gera imagens que podem ser lidas por cada um de maneira diferente, o grau de penetração na obra vai depender das sensibilidades e vivências de quem percebe.
Body art porque envolve o corpo do artista que materializa suas ações. Materializa no próprio corpo. Sujeito da ação e objeto dela. Ações psicológicas vivem no reino da subjetividade, da invisibilidade. A performance traz essas ações para o campo do visível, da epiderme(da antipsicologia, segundo Deleuse). Não basta mais perscrutar possibilidades do que se passa no mundo interior dele, é preciso trazer para fora, tornar visível,transformar esse mundo em imagens. A performance propõe uma comunicação amplificada, direta e urgente com o público,e uma das vias de acesso é materializando as ações no espaço.
Para Adorno “as relações humanas hoje são mediadas por objetos, relações materialistas”. E o performer entende isso e assume no próprio corpo essa condição, o artista trocando de lugar com o bode na hora do sacrifício. A performance art cobra de quem faz uma tomada radical de posição política, ética, existencial, corpórea. Ela visa transformar, antes de mais nada o olhar do próprio artista, ressignificá-lo junto com o público que o faz também.

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