segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Amigos e Imagens VIII...

Presente de Bruno...

sábado, 22 de agosto de 2009

ensaio de lã



Quais os planos?
inspiração
para onde vamos de pijama?
jantar
............

difícil são as horas passando tão desapercebidas
quero preenchê-las de

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Amigos e Textos ...

O Luciano Fernandes, velho amigo amado que guardarei sempre no meu coração - com estrelinhas -, me enviou este texto... obrigada, amigo!

O amor nunca morre de morte natural. Anaïs Nïn estava certa. Morre porque o matamos ou o deixamos morrer. Morre envenenado pela angústia. Morre enforcado pelo abraço. Morre esfaqueado pelas costas. Morre eletrocutado pela sinceridade. Morre atropelado pela grosseria. Morre sufocado pela desavença. Mortes patéticas, cruéis, sem obituário e missa de sétimo dia. Mortes sem sangramento. Lavadas. Com os ossos e as lembranças deslocados. O amor não morre de velhice, em paz com a cama e com a fortuna dos dedos. Morre com um beijo dado sem ênfase. Um dia morno. Uma indiferença. Uma conversa surda. Morre porque queremos que morra. Decidimos que ele está morto. Facilitamos seu estremecimento.O amor não poderia morrer, ele não tem fim. Nós que criamos a despedida por não suportar sua longevidade. Por invejar que ele seja maior do que a nossa vida. O fim do amor não será suicídio. O amor é sempre homicídio. A boca estará estranhamente carregada.
Repassei os olhos pelos meus namoros e casamentos. Permiti que o amor morresse. Eu o vi indo para o mar de noite e não socorri. Eu vi que ele poderia escorregar dos andares da memória e não apressei o corrimão. Não avisei o amor no primeiro sinal de fraqueza. No primeiro acidente. Aceitei que desmoronasse, não levantei as ruínas sobre o passado. Fui orgulhoso e não me arrependi. Meu orgulho não salvou ninguém. O orgulho não salva, o orgulho coleciona mortos. No mínimo, merecia ser incriminado por omissão. Mas talvez eu tenha matado meus amores. Seja um serial killer. Perigoso, silencioso, como todos os amantes, com aparência inofensiva de balconista. Fiz da dor uma alegria quando não restava alegria. Mato; não confesso e repito os rituais. Escondo o corpo dela em meu próprio corpo. Durmo suando frio e disfarço que foi um pesadelo.
Desfaço as pistas e suspeitas assim que termino o relacionamento. Queimo o que fui. E recomeço, com a certeza de que não houve testemunhas. Mato porque não tolero o contraponto. A divergência. Mato porque ela conheceu meu lado escuro e estou envergonhado. Mato e mudo de personalidade, ao invés de conviver com minhas personalidades inacabadas e falhas. Mato porque aguardava o elogio e recebia de volta a verdade.O amor é perigoso para quem não resolveu seus problemas. O amor delata, o amor incomoda, o amor ofende, fala as coisas mais extraordinárias sem recuar. O amor é a boca suja. O amor repetirá na cozinha o que foi contado em segredo no quarto. O amor vai abrir o assoalho, o porão proibido, fazer faxina em sua casa. Colocar fora o que precisava, reintegrar ao armário o que temia rever. O amor é sempre assassinado. Para confiarmos a nossa vida para outra pessoa, devemos saber o que fizemos antes com ela.

(Fabrício Carpinejar) – Quantas Vezes Eu Assassinei O Amor?

Sissi - MElhor Atriz Curtas Gaúchos no Festival de Gramado


Estamos bem felizes com a notícia do merecidíssimo prêmio que a Sissi recebeu em Gramadão! Viva!


SISSI VENTURIN
, melhor atriz da Mostra Gaúcha em Gramado pelo curta "Sobre um Dia Qualquer", de Leonardo Remor.

Registro fotografico - Grito e Escuta 7ª Bienal do Mercosul


Registro fotografico da aula realizada por João de Ricardo , PAula Krause e TAtiana da Rosa na 7ª Bienal do Mercosul - Grito e Escuta
Curso de Formação de Mediadores

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Cia. Espaço em BRANCO no EM CENA - OFICINA

Oficinas do 16º Porto Alegre em cena


Isabele e Ariel Portrait
Todo o ano o Porto Alegre em Cena oferece uma programação diversificada também nas atividades formativas. Oficinas, palestras, homenagens e o já tradicional Ponto de Encontro, complementam a rica programação do festival e movimentam a classe artística da cidade. É nesse período que há uma forte troca entre atores locais e grupos participantes do festival. São diretores, cantores, figurinistas, cenógrafos, bailarinos e coreógrafos ministrando oficinas sempre muito concorridas. Confira a programação:


O depoimento pessoal no trabalho do ator
Com Hélio Cícero – SP
8, 10, 11, 12 de setembro – das 13h às 16h / Casa de Cultura Mario Quintana


A conscientização do corpo do ator, de onde tudo emerge, e para onde tudo retorna é trabalhada com profundidade nesta oficina. Hélio Cícero, no alto de seus 30 anos de uma bela carreira no teatro, busca na sabedoria oriental as ferramentas necessárias para conectar a mente, a respiração e o corpo do ator, visando o equilíbrio que trará como conseqüência criatividade e expressividade. Exercícios de alongamento e respiração são utilizados no aquecimento, seguidos por meditação, improvisos com gestual de corpo e voz, trabalhos com texto e, finalmente, a performance individual. Hélio Cícero é um dos fundadores da Cia Teatral Arnesto Nos Convidou, juntamente com Maucir Campanholi, Samir Yazbek e Eduardo Semerjian.


Pintando a cena
Com Cláudia de Bem – RS
8 a 11 de setembro – das 9h às 13h / Teatro de Arena


Estimular a criatividade e sensibilidade do artista na concepção do desenho de luz de um espetáculo, abordando conceitos e sistemáticas importantes para sua criação e execução, é o mote da oficina ministrada pela renomada iluminadora Cláudia De Bem.
O que é a luz? Como vamos iluminar? Nas aulas, uma abordagem prática sobre o processo criativo da luz e sua interferência no espaço cênico. A plasticidade e criação de atmosferas através do olhar do iluminador. O curso é direcionado para diretores,arquitetos, coreógrafos, técnicos de iluminação, iluminadores, fotógrafos e aqueles que se interessam pela arte da iluminação cênica. Diretora, iluminadora, atriz e gestora cultural, exerceu o cargo de Gerente de Programação e Direção Artística do Theatro São Pedro durante nove anos. Em seu currículo constam parcerias de trabalho com os mais importantes encenadores brasileiros da atualidade.


Oficina Companhia Teatro en El Blanco: Movimento, voz e direção
Com Paula Zúñiga, Jorge Becker e Trinidad González - Chile
8 a 12 de setembro – das 9h às 12h / Casa de Cultura Mario Quintana


A Companhia Teatro en El Blanco, do Chile, fará uma oficina direcionada essencialmente para atores e estudantes de teatro. O conteúdo, dividido em módulos ministrados por diferentes atores do grupo, abordará movimento, voz e direção, a partir do trabalho feito pela Companhia, utilizando técnicas e exercícios para a construção de personagens e da obra dramática. Terminados os módulos, os alunos prepararão uma criação coletiva utilizando o que aprenderam nas aulas.


Corpo em movimento
Com Ivaldo Mendonça – PE
8 a 12 de setembro – das 14h às 17h / Usina do Gasômetro e Museu do Trabalho


As aulas do coreógrafo e bailarino Ivaldo Mendonça, referência na dança nacional, abordam os movimentos pendulares e seus mais amplos benefícios. Além de funcionarem como organizadores dos músculos, esses movimentos auxiliam no aumento dos espaços articulados e são capazes de construir o espaço apenas com o corpo do bailarino. Ivaldo Mendonça atuou em muitas companhias de dança de renome no Brasil, entre elas, com a Cia Deborah Colker. Esteve em turnês internacionais por diversos países do mundo.


Corpo, criação e comicidade
Com Jorge Alencar – Grupo Dimenti - BA
11 a 15 de setembro – das 9h às 12h / Usina do Gasômetro


As conexões entre texto, movimento e comicidade são o carro chefe desta oficina, promovida pelo grupo Dimenti, da Bahia. A ironia, o inesperado, a descontinuidade, o exagero, o grotesco, são usados como estratégias de criação e composição para a cena. A abordagem estimula o entendimento tanto da dramaturgia como do risível, em aulas estimulantes e divertidas. Jorge Alencar é criador em dança e em teatro, diretor artístico e fundador, em 1998, do Dimenti, da Bahia. Em suas criações cênicas e audiovisuais estão presentes discussões sobre gênero, formatos estéticos e estereótipos culturais a partir de um olhar crítico e humorístico.



Análise e interpretação de textos dramáticos
Com Luiz Paulo Vasconcellos – RS
14 a 18 de setembro – das 14h30 às 16h30 / Studio Clio



Atores, diretores, dramaturgos, cenógrafos, figurinistas, iluminadores, cineastas, técnicos e demais pessoas interessadas na narrativa dramática estão aptas a cursar a oficina teórica de Luiz Paulo Vasconcellos, que tem como mote identificar recursos deste tipo de narrativa. Gênero, estilo e linguagem, circunstâncias que envolvem a situação dramática e, ainda, significados, símbolos e signos propostos pela peça, serão identificados aqui utilizando leitura e discussão de textos teatrais e teorização sobre os diferentes recursos da dramaturgia. Ator, diretor, professor, dramaturgo, poeta, joalheiro e cozinheiro nas horas vagas, Vasconcellos completou 50 anos de carreira este ano com imensa colaboração para as artes cênicas. É autor do Dicionário de Teatro (L&PM Editores) e colunista de teatro da revista Aplauso.



Cia Espaço em Branco - Processos de criação híbridos
Com João de Ricardo – RS
14 a 18 de setembro – das 9h às 13h/ Usina do Gasômetro


Laboratório teórico-prático abordando a criação cênica em um processo de hibridização permanente do teatro, com a performance art, o cinema e as artes visuais. Ministrada pelo encenador, pesquisador e performer João de Ricardo, as aulas têm como objetivo a experimentação, o novo, a fusão das artes cênicas com as artes plásticas, usando como referências experimentos que resultaram e resultam em interessantes trabalhos propostos por artistas como Merce Cunningham, John Cage, Bauhaus, Cindy Sherman, entre tantos outros. Interessados no assunto com ou sem experiência podem participar, já que a oficina propõe a construção de um conhecimento coletivo físico que leva em conta justamente o campo entre os saberes e opiniões pessoais de cada um.


Eppur si Muove
Com Donatella Pau e Antonio Murru - Itália
16 a 20 de setembro – das 9h às 13h / Usina do Gasômetro


As técnicas de teatro de bonecos serão abordadas nesta oficina, voltada para adultos profissionais ou amadores que tenham interesse em saber, aprender e desenvolver métodos de animação da tradição italiana. O objetivo é levar os participantes a manipular seus próprios bonecos, além de aprender sobre teatro ao usar sua criatividade e capacidade de expressão através das lindas regras do teatro de bonecos. Somado a isso, cada aluno terá a possibilidade de discutir e analisar o potencial pedagógico do boneco com relação à infância.


Oficina de criação de pequenos hai kais pessoais
Com Georgette Fadel - SP
De 17 a 20 de setembro – das 10h às 13h / Casa de Cultura Mario Quintana


Ministrada pela atriz e diretora de teatro Georgette Fadel, a oficina terá como objetivo fazer com que o ator sinta, pense, conceba, escolha, sintetize e revele o que de si é essencial. Para isso, Georgette buscará explorar exercícios que estimulem a consciência corporal nos âmbitos físico e energético dos participantes, com jogos de interação e composição no espaço. Em um segundo momento, práticas individuais de narração de capítulos importantes da vida de cada um serão feitas, para que, na última etapa, cada ator elabore de forma simples, mas completa, suas idéias e sensações.


Oficina de atuação – Temática Família
Com Antônio Petrin - SP
Dia 18 de setembro, das 14h às 18h / dias 19 e 20 de setembro, das 10h às 14h
Usina do Gasômetro


O objetivo desta oficina é introduzir alguns conceitos básicos sobre o trabalho do ator para que os alunos identifiquem suas possibilidades e procurem seus caminhos. A partir da leitura do texto “Ser ator”, o curso pretende aguçar os sentidos de cada um para o trabalho coletivo e com consciência crítica. O tema utilizado é “a família”, universo conhecido de todos. Em cima disso, os participantes criarão seus próprios textos e os representarão, buscando construir um painel das famílias que compõem a sociedade. Antônio Petrin foi indicado para os mais importantes prêmios como melhor ator. Até hoje participou de 42 peças e dirigiu 12 espetáculos teatrais. Atuou em 35 programas entre novelas e especiais para a televisão e em 12 filmes nacionais.


Oficina de treinamento e improvisação
Com Ana Teixeira – RJ
19 a 21 de setembro – das 14h, às 18h / Studio Stravaganza


Estudantes e profissionais de artes cênicas estão aptos a cursar a oficina de Ana Teixeira, diretora do Amok Teatro, renomado grupo brasileiro com belíssimas montagens no currículo, como Cartaz de Rodez, O Carrasco e Macbeth. O curso tem por objetivo desenvolver a expressão dramática do ator por meio de um treinamento que inclui trabalho físico (técnica de E. Decroux), trabalho de voz e improvisação. A técnica de Etienne Decroux é o estudo detalhado do movimento e do gesto. Os exercícios visam a um completo conhecimento dos órgãos de expressão do corpo humano, o controle das articulações, do ritmo e das tensões da musculatura.



WORKSHOP

Workshop com a Cia de Dança de SP - Oficinas para bailarinos locais
17 de setembro, das 10h às 13h – Das 10h às 11h30 – Pilates / das 11h30 às 13h - clássico
Com Lars van Cauwenbergh e Daniela Stasi
Ballet Vera Bublitz – Av. Coronel Lucas de Oliveira, 158/ Petrópolis


O professor e ensaiador Lars van Cauwenbergh promove uma aula de técnica de dança clássica com bailarinos locais - nível intermediário, a partir de 14 anos-, para compartilhar sua experiência e incrementar a formação dos participantes. Depois de relevante carreira como bailarino em grandes companhias da atualidade, o belga Cauwenbergh passou a lecionar nos principais grupos da Europa. Foi assistente de direção da Cia. de Dança Palácio das Artes, em Belo Horizonte, e ministrou aulas de técnica clássica no Grupo Corpo e Ballet Jovem de Minas Gerais. Daniela Stasi foi bailarina do Balé da Cidade de São Paulo entre 1981 e 1983, de onde seguiu para a renomada companhia de Martha Graham, onde esteve até 1993. De volta ao Brasil, trabalhou com Maria Duschenes, Klauss Viana e Ruth Rachou, entre outros.


PALESTRAS


Corpo a corpo com o professor
Palestra com Inês Borgéa, São Paulo Companhia de Dança
16 de setembro às 16h / Teatro de Câmara Túlio Piva
Aberto ao público – sem necessidade de inscrição prévia


A palestra tem como objetivo estimular o contato com o universo da dança e criar uma aproximação do público com o cotidiano da São Paulo Companhia de Dança, cujo repertório vai do século 19 ao século 21. Nesses encontros abordam-se, de maneira clara e didática, temas relativos ao programa apresentado pela Companhia dentro do contexto histórico e cultural, com apresentação de conteúdos e atividades que posteriormente podem ser trabalhados pelos educadores com seus alunos. Ideal para professores, tanto do ensino formal como não-formal, e arte-educadores.
Doutora em Artes pela Unicamp, é consultora do Programa Fábricas de Cultura da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Foi bailarina do Grupo Corpo entre 1989 e 2001. Escreve sobre dança para a Folha de S.Paulo desde 2000 e é autora de O Livro da Dança (Companhia das Letrinhas, 2002) e Contos do Balé (CosacNaify, 2007).

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Texto da artista Tati da Rosa, sobre o Merce, bem legal! Enjoy

A chave da dança

A professora e coreógrafa Tatiana da Rosa escreve sobre Merce Cunningham, um dos gigantes da dança do século 20, que morreu aos 90 anos, em Nova York

Merce Cunningham, coreógrafo e bailarino norte-americano que mudou o curso da dança, da encenação e da arte como um todo no século 20, morreu em Nova York, no domingo, aos 90 anos. Encontrava-se ainda em plena atividade.

A morte de um artista traz a oportunidade de revisitar sua obra. Com a perda de Pina Bausch, Cunningham e Michael Jackson no período de apenas um mês, bailarinos e coreógrafos têm se confrontado com a reavaliação de seus pertencimentos e de sua capacidade de reinventar legados tão profundos (mesmo que no caso do astro pop isso ocorra no mais das vezes como mera concessão).

Ainda é preciso construir a visibilidade de Cunningham fora do campo da dança, mostrar que ele não é só um dos grandes da dança, mas das artes. Ao lado de John Cage, com quem também dividiu a vida e a obra, Cunningham plasmou muitas das principais possibilidades ainda em voga na produção contemporânea.

Embebido no estudo do zen-budismo e herdeiro consciente da tradição moderna tocada pelo dadaísmo e por Duchamp, a Cage interessava investigar a natureza do som e o quanto o limite entre a música e o ruído é dado pela percepção. As decorrências disso para o pensamento do corpo em cena, ao vivo, em performance, encontram-se no trabalho de Cunningham. O encontro com Cage nos anos 40 assinala também o fim do seu trabalho como bailarino de Martha Graham, uma das mestras da dança moderna, de marca fortemente expressionista. A grande contribuição de Cunningham foi propor que o movimento não precisa significar nada além dele mesmo, para então investigar seus limites, como Cage fez com o som. Se o que Graham e seus contemporâneos queriam era trazer a dança para a vida contemporânea, carregando-a de traços humanos, Cunningham logrou soluções que escapam de uma relação temática e ilustrativa para essa demanda. Ao construir obras em que o movimento não reivindica significado nem utilidade, Cunningham parece, à primeira vista, propor um afastamento da vida, uma entrada num formalismo esvaziado.

Mas isso mostra apenas que o caminho escolhido por Cunningham foi rigoroso e corajoso. Para plasmar esse movimento que vale por si mesmo, ele aprofundou os procedimentos do acaso na construção da obra, buscando dar aos bailarinos oportunidades de não imprimir inflexões expressivas no dançar, a se manterem na atualidade do movimento. Seu vocabulário é uma espécie de combinação direta e justaposta entre passos oriundos de seus estudos anteriores, o ballet e a dança moderna de Graham. Constrói (e ainda é necessário falar sobre ele no presente) suas sequências determinando movimentos propositadamente desencontrados para diferentes partes do corpo, simultaneamente. Como se isso não bastasse, as sequências são sorteadas com moedas do I Ching no momento da entrada em cena. Isso resulta num antivirtuosismo eletrizante. Quem vivencia as suas peças (e o público porto-alegrense pôde testemunhá-lo no Teatro do Sesi em 2004, com o fantástico BIPED, de 1999) percebe o envolvimento e a atenção dos bailarinos à matéria mesma dançada, ao momento presente.

Outro traço fundamental dos trabalhos de Cunningham é o desenvolvimento da colaboração com resultados diretos na obra. Se o movimento fala por si mesmo, ele coexiste sem hierarquia com sons e objetos. A música e os elementos plásticos em cena (a noção de “cenário” foi fatalmente arranhada por ele) são encomendados a artistas sem qualquer combinação anterior e apresentados definitivamente em conjunto, pela primeira vez, no momento da estreia. Assim, bailarinos aprofundam a possibilidade de combinar movimentos prescindindo da música e dividindo o espaço cênico com esculturas e objetos, muitas vezes móveis (os móbiles de Calder e as almofadas metalizadas de Warhol são alguns dos exemplos célebres). No palco de Cunningham não há centro.

A grande chave é que os próprios trabalhos de Cunningham não buscam tampouco ser o centro do momento da performance. Buscam desmanchar qualquer sentido que se insinue, para retornarmos à percepção. Como explica Roger Copeland (segundo quem Cunningham conseguiu, mesmo sem ligação artística direta, levar adiante a proposta de distanciamento de Bertolt Brecht), o que ele faz é mover a política da percepção. Aborda, no coração, o “apetite semiotizante do espectador” (o termo é de Michèle Febvre). Retira a solução e a catarse da encenação para colocar ao espectador – a cada um de nós – a tarefa de perceber sua própria busca por sentido. Cunningham convida a ver que a percepção tem algo de único e pessoal, e assim nos inclui no momento presente da obra, abertos a intuir seus desdobramentos futuros. São esses os traços humanos que escolhe, traços não óbvios e nada figurados, porém urgentes num mundo que precisa cada vez mais encontrar formas de comunicação na diferença.

Ao se debruçar com amor incondicional sobre o movimento, Merce Cunningham abriu caminhos que continuarão frutificando para além do seu próprio. Merce nos deu um movimento que se basta. Só que para se bastar, o movimento não termina em si. Movimento é também o que ocorre entre a percepção de quem vê e a de quem dança. Precisamos desse vocabulário para dar forma a um mundo ainda não dito, ainda não admitido, em que a dança que não seja mencionada apenas como hermetismo e puerilidade, como um gaguejar. Os ícones estão se indo e nos deram chaves. Precisamos continuar a tarefa.

Tatiana da Rosa é coreógrafa, professora da Graduação em Dança UERGS/FUNDARTE e mestranda em Educação (UFRGS)

TATIANA DA ROSA*

Amigos e Imagens VII ...

Presente de Brummno...

ainda flutuando...

... ou será: sempre flutuante...???

domingo, 9 de agosto de 2009

Goghs de paixões

"(...) O amor (...) algo a tal ponto real que é tão impossível para alguém que ama arrancar fora este sentimento quanto atentar contra a própria vida.(...)"

"(...) Minha vida e meu amor são um só. (...) Considero este "jamais, não jamais" como uma pedra de gelo que estreito junto ao coração para derreter."

"(...) Quem quiser que seja melancólico, para mim já basta, eu quero apenas ficar feliz como uma cotovia na primavera! (...)"

"(...) Não que eu venha a me tornar algo de extraordinário, mas algo bem comum, e por isso eu entendo que minha obra será sã e "razoável", e que terá uma razão de ser, e poderá servir para algo. Acredito que nada nos coloque com tanta intensidade na realidade como um verdadeiro amor. (...) Pois para um homem é realmente a descoberta de um novo hemisfério ficar seriamente apaixonado em sua vida."

Vincent Van Gogh
Etten, setembro de 1881

Van Gogh apaixonado por Kee Voos *

"Mas precisamente porque o amor é tão forte, nós geralmente não somos fortes o suficiente durante nossa juventude (quero dizer, 17, 18, 20 anos) para conseguir segurar firme nosso leme.
Veja, as paixões são as velas do barquinho.
E alguém com vinte anos abandona-se inteiramente a seus sentimentos, apanha vento demais nas velas e seu barco faz água - e naufraga - a não ser que ele se recupere.
Alguém que em compensação iça em seu mastro a vela "Ambição" e singra direto pela vida, sem acidentes, sem sobressaltos, até que - até que enfim, enfim aparecem circunstâncias que o fazem observar: não tenho velas o bastante, e diz então: daria tudo o que tenho por um metro quadrado de vela a mais e não o tenho. Ele se desespera.
Ah! mas então ele reconsidera e imagina poder utilizar uma outra força; ele pensa na vela até então desprezada que sempre tivera guardada no porão. E é esta vela que o salva.
A vela "Amor" deve salvá-lo, e se ele não a içar, ele não chegará nunca."

Vincent Van Gogh
Etten, 12 de novembro de 1881
(* Kee Voos era sua prima, viúva e mãe de um filho)

sábado, 8 de agosto de 2009

Mushaboom

Este video da Feist é muito legal.... enfim,
se você também já sonhou que voava...
ou gosta de música de garota.
Não está disponível para incorporar,
então entre aqui e veja o clip no youtube.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Sétima Bienal do Mercosul - Palestra dia 12 - 08 Performance - Teatro

Estou participando do curso de formação de mediadores da Bienal. Dia 12- de agosto bate papo sobre performance - teatro. Convido todos os amigos !!!

7ª Bienal do Mercosul
acesse o site da bienal clicando aqui

Programa

Curso de formação de Mediadores e Professores-Mediadores
Aulas com transmissão simultânea através do site da Bienal

LOCAL e horário das aulas:
no Auditório do Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano – Rua Riachuelo, 1257, POA. Serão organizadas duas turmas, uma no turno manhã, das 8h30 às 12h, e outra no turno noite, das 18h30 às 22h.

Julho

Dia 23
Projeto Curatorial da 7ª Bienal do Mercosul – Victoria Noorthoorn
Orientação sobre o formato do curso, ferramentas do site da Bienal e recursos para pesquisa – Ethiene Nachtigall, Umbelina Barreto e Gabriela Bon

Dia 29
A cidade como texto, a mediação como rasura - Julio Lira
O público e a Bienal: o trabalho de mediação – Lorena Avellar e Tatiana Henrique

Dia 30
Apresentação do Projeto Pedagógico / Sobre mediadores, professores-mediadores e coordenação com o material da Curadoria Editorial – Introdução de Mônica Hoff e Marina de Caro
Processo de construção da obra e seu diálogo com o espaço de exibição – Mario Navarro e Jorge Menna Barreto


Agosto

Dia 5
O Humor, o absurdo e o inconsciente: estratégias de alteração de paradigmas. A importância da instabilidade e da ambigüidade - Laura Lima e Sergio Lulkin
Arte, irradiação, comunicação. Radiovisual - Lenora de Barros

Dia 6
O desenho como estratégia e exposição do pensamento do artista - Flavio Gonçalves e Fernando Mattos
Desenho das Ideias e Ficções do Invisível - Victoria Noorthoorn

Dia 12
O cenário e o processo de exibição do próprio artista. Teatro e performance na arte contemporânea atual. Apontamentos sobre as condutas e convenções sociais – Paula Krause, João de Ricardo e Tatiana Rosa
Um lugar comum. Os artistas e a comunidade (comum-unidade) - Camilo Yañez e Maria Helena Bernardes

Dia 13
Abordagem para público com necessidades especiais. Acessibilidade e exercícios de sensibilização / experiências com limitação de sentidos - Viviane Loss, Adilso Corlassoli e Gabriela Bon
Aproximações com o público de Ed. Infantil - Larissa Kautzmann, Maria Cláudia Bombassaro e Ekin

Dia 20
Publicações e Projeto Editorial da 7ª Bienal - Vinculo entre as fichas pedagógicas e demais publicações da 7ª Bienal - Erick Beltrán e Bernardo Ortiz (a confirmar)
Experimentação e reflexão a partir das fichas pedagógicas - Estevão Haeser, Jorge Bucksdricker e Ana Lígia Becker


Outubro

Dia 7
Arte, irradiação, comunicação. Texto Público - Artur Lescher e Fernanda Albuquerque

Dia 8
Mostras da 7ª Bienal – Curadores da 7ª Bienal
Questões curatoriais da 7ª Bienal do Mercosul - Victoria Noorthoorn, Camilo Yáñez e Marina de Caro em diálogo com os mediadores. (Espaço para perguntas sobre a 7ª Bienal em sua totalidade).

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Carta de Taíse

A Taíse Gewehr escreveu para o email da Cia comentando o espetáculo. Obrigada, Taíse, pelo retorno.

"João,

Por primeiro, como qualquer um que expressa opinião sem ter embasamento real no que diz, te peço desculpa desde já por qualquer deslize. Segundo que, como qualquer pessoa que escreve, desejo imprimir um tom. E já te adianto na partida, que o matiz que gostaria de transmitir é genuíno enquanto platéia, e que desejo ser amigável, ajudar no que for, com meus "eu acho" e "eu penso".

Saí da peça primeiramente alegre com o que mais me chama atenção em qualquer arte. São as camadas de conotação. Se você perdoa a liberdade, recorto uma citação que usei na mono, diz assim: "pela riqueza de suas conotações é que o romance de Proust se diferencia – do ponto de vista semiológico – de um livro de cozinha; o filme de Visconti, de um documentário cirúrgico” (METZ, 1972, p. 95)". Dois livros e dois filmes que diferem na profundidade, e isto, resumidamente, poderia ser o que, para mim, é o encanto de qualquer arte.

Nossa, a letra cantada por Teresa é viva e tão dela! É singelamente deliciosa. A fala do Lisandro quando monologa sobre Mãnhê e trânsito é ótima, muda o tom de toda a peça, parece um parêntesis no todo, mas que corre o risco de ser visto literalmente como monólogo, pois está ali, discutindo os grilos do homem modernos, ao meu ver, não do personagem em si. A saia que se faz calda de sereia, simples e perfeito. E os dois se vestindo juntos, aquele início de casamentos com mil juras, onde tudo exacerbadamente se faz junto, até vestir-se, brilhante! Logo aquele corte dramático daquela união, eu teria sentido até mais se a cena fosse um pouco mais vagarosa. E a mesma fita que ela usa para amordaçá-lo e humilhá-lo no fim! Trilha muito boa mesmo, pontual, concisa. O uso das lâmpadas pra construir a linguagem! Belíssimo, fotograficamente falando também, e fazia todo sentido junto da interpretação. Dispensável falar das fantásticas projeções e que casavam no contexto geral da obra e compunham também a homenagem à arte contemporânea.

Aqueles saltos no início me parecem soltos. Imaginei que se os dois tivessem começado no mesmo tempo e fossem entrando em ritmos diferentes, eu teria sentido a característica de uma relação que termina por ruir: dois que começam dançando na mesma batida e terminam por afastar-se de tão diferentes e estrangeiros que parecem um ao outro, se eles ainda trocassem olhares neste processo, pois tanto mais clara seria essa idéia. O aquário. Ele era fantástico para compor as cenas e dar significado às falas, mas não senti ligação direta dele com o casal, ficou em mim isso como lacuna, e tristemente foi o que me balançou no meu julgamento da peça. Porque todo título serve de guarda-chuva para o que está abaixo. Eu quis assistir a peça sem ler nada sobre: despretensiosamente. Contudo, ao ler um título isso já de alguma forma delimita a obra. Vi menos Teresa e o Aquário e vi mais algo como Teresa ao encontro de Teresa. Vejo Teresa de uma sinceridade! Ela não tem medo de terminar uma relação drasticamente, de querer um homem mais velho, de tremer de medo ou vergonha ou angústia pelo que já foi, é. Vejo Teresa à flor da pele, transpirando emoções e vivências em loop, irrefletidas. Isto é muito contemporâneo.

Arte como processo. Isso me atraiu muito na sua montagem. Este desejo de interagir, câmeras, blog, e de expandir o sentido por meio da internet, boníssimo. As artes plásticas aparecem gritantes visualmente, especialmente na composição entre corpos e lâmpadas, na performance com o mamão, na forma distanciada ou indiferente dos amantes se aproximarem, no texto com lacunas.

João, a peça está muito boa, verdade. Espero que tome com carinho o meu olhar sobre a peça e veja amor nos meus comentários.

Grande abraço,
Taíse"

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ainda belaAbalada

BALADA

Amei-te muito, e eu creio que me quiseste
Também por um instante, nesse dia
Em que tão docemente me disseste
Que amavas´ma mulher que o não sabia.

Amei-te muito, muito! Tão risonho
Aquele dia foi, aquela tarde!...
E morreu como morre todo o sonho
Deixando atrás de si só a saudade...

E na taça do amor, a ambrosia
Da quimera bebi naquele dia
A tragos bons, profundos, a cantar...

O meu sonho morreu... Que desgraçada!
.....................................................................
E como o rei de Thule da balada
Deitei também a minha taça ao mar...

(Florbela Espanca)

domingo, 2 de agosto de 2009

Em Trânsito :: 05 de setembro :: 20h :: Sala 309 do Gasômetro

Setembro:
Mostra de Trabalhos da UERGS/Fundarte- Montenegro-RS
Sala 309 do Gasômetro

Horário:20 h
Ingresso: espontâneo no chapéu ao final dos espetáculos


05/09/2009- Sábado
• Espetáculo ‘’ Antes do Café’’- Direção: Alda Silveira
Espetáculo ‘’Em Trânsito’’- Direção: Sissi Venturin

12/09/2009- Sábado
• Espetáculo ‘’Cordão Umbilical’’- Direção: Rosmeri Lorenzon
• Espetáculo ‘’Una Donna Sola’’- Direção: Diego Ferreira

13/09/2009- Domingo
• Espetáculo ‘’ Quem sabe a gente continua amanhã?’’- Direção: Ana Denise Ulrich
• Participação especial : Espetáculo ‘’ Antes do Baile Verde’’- Direção: Malu Maggi (DAD)

Amigos e Imagens VI ...

Presente de Douglas Dickel...